Uma
vez instalada, nesta sexta-feira, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que
investiga o escândalo do banco britânico HSBC, a ‘CPI do Suiçalão’ o PSDB passa
da condição de pedra para vidraça. A presença de líderes e simpatizantes do
neoliberalismo, no país, na lista de sonegadores vazada por ex-funcionário do
HSBC, inibiu a presença da agremiação partidário entre os signatários do
requerimento lido em Plenário, de autoria do senador Randolfe Rodrigues
(PSOL-AP). Os senadores do PSDB, Aécio Neves, Aloysio Nunes Ferreira e Álvaro
Dias – notórios defensores da caça aos corruptos – não assinaram o pedido de
CPI.
O senador do PSOL conseguiu, prontamente, 33
assinaturas, seis a mais que o mínimo necessário para a instalação da CPI, que
terá 11 membros titulares e seis suplentes. Segundo Randolfe Rodrigues, os
tucanos podem ficar à vontade para contribuir com a Comissão, “que tem
interesse suprapartidário e não se destina a fomentar disputas desta natureza”,
afirmou. A intenção, disse o senador, é “desmantelar pela raiz” um grande
esquema criminoso.
– Esse escândalo é de dimensão mundial. De acordo
com o Financial Times, trata-se do maior caso de evasão fiscal do mundo. É
necessário que o Parlamento brasileiro também se manifeste e instaure um
procedimento de investigação – afirmou Randolfe.
Líder do PSB, senador João Capiberibe (AP) disse
entender como prudente o fato de os senadores assinarem o pedido. Para ele, os
escândalos da Petrobras já estão sendo investigados pela Polícia Federal e pelo
Ministério Público, motivo pelo qual o partido resolveu esperar a conclusão das
investigações.
– A (CPI) do HSBC não tem processo judicial em
curso, não tem investigação em curso, não tem nada – reparou Capiberibe.
Signatário do requerimento, o senador José Pimentel
(PT-CE), líder do governo no Congresso, afirmou que o Brasil precisa combater a
sonegação e aumentar a formalização nos vários setores da economia, motivo pelo
qual a CPI é importante. Segundo afirmou, a jornalistas, a legislação do
sistema financeiro já é muito avançada, mas pode passar por aperfeiçoamentos.
– É exatamente por isso que eu assinei essa CPI.
Além de identificar aqueles que cometeram erros, o que eu quero, principalmente,
é construir uma legislação para superar essas falhas – afirmou o senador.
Sobre a habitual polarização entre governo e
período eleitoral nas CPIs, Pimentel disse esperar que a investigação não se
limite a isso. O período, diz o senador, favorece o trabalho da CPI, já que é início de legislatura
e as próximas eleições só serão realizadas no ano que vem.
Desvio bilionário - O britânico HSBC, em sua sede na Suíça, admitiu
a gestão fraudulenta para encobrir a origem de possíveis recursos ilícitos nas
contas de clientes de peso, entre eles empresários, socialites e políticos. O
Brasil é o quarto na lista, em número de contas suspeitas.
O Swissleaks, como é
chamado o escândalo, internacionalmente, tem como fonte original um
especialista em informática do HSBC, o franco-italiano Hervé Falciani. Segundo
ele, entre os correntistas, estão 8.667 brasileiros, responsáveis por 6.606
contas que movimentam, entre 2006 e 2007, cerca de US$ 7 bilhões, que em grande
parte podem ter sido ocultados do fisco brasileiro.
Em seu requerimento para a instalação da CPI,
Rodrigues o classifica como “um arrojado esquema de acobertamento da instituição financeira,
operacionalizado na Suíça, que beneficiou mais de 106 mil correntistas”, de
mais de 100 nacionalidades. O total de recursos manejados dentro do esquema,
segundo Randolfe, pode superar US$ 100 bilhões, no período de 1998 a 2007.
Randolfe Rodrigues acredita, ainda, que a lista dos
titulares das contas certamente guarda estreita relação com outras redes de
escândalos do crime organizado do país e do mundo. O senador lamentou que “o escândalo do Suiçalão”, como foi batizado aqui, no
Brasil, venha sendo sistematicamente ignorado pela mídia conservadora. Segundo
Randolfe, essa
seletividade denuncia o envolvimento de personagens poderosos, que podem
sempre se servir da benevolência de setores da imprensa.
Fonte: Correio do Brasil
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