Entre os
maranhenses que figuraram no primeiro escalão do Governo Federal, ele teve
cadeira cativa no Ministério do Turismo. Depois de quase 30 anos de vida
pública, Gastão Vieira (PMDB) é uma personalidade política que conseguiu
construir laços estreitos em várias esferas do governo federal.
Em entrevista
exclusiva para o jornal O Imparcial, Gastão Vieira fala o seu futuro político e
de seu grupo. O peemedebista, que pensar em deixar a legenda em breve, afirma
que o grupo Sarney chegou ao fim e que as relações do Maranhão com o Governo
Federal estão estremecidas.
O Imparcial - Qual vai ser o destino do Gastão
Vieira em 2015?
Gastão Vieira - Ainda não sei se vou trabalhar para o Governo
Federal ou com a iniciativa privada, aproveitando toda essa experiência que eu
tenho com a área da Educação. Mas tenho um capital político nada desprezível,
tive quase 1 milhão e 300 mil votos, quase 400 mil votos a mais que o candidato
a governador da minha chapa. Eu vou tentar prosseguir na minha vida política.
O Maranhão não foi contemplado com nenhum
ministério da gestão de Dilma Rousseff. O senhor vê algum reflexo do resultado
da eleição no Maranhão nessa escolha da presidente?
Eu acho que o
estado está vivendo um momento de grande afastamento do governo federal. Não
temos mais uma interlocução com a presidenta Dilma. Não coloco apenas o grupo
Sarney, Lobão, etc., coloco também o governador Flávio Dino. A presidenta ainda
não tem um caminho para que ela se reaproxime do Maranhão. Num momento de
fragilidade política, na composição de um ministério tão difícil quanto tem
sido, era muito esperar que o Maranhão fosse contemplado.
Como ficou sua relação com a
presidente Dilma?
Ficou muito boa.
Eu tive com a presidenta duas vezes depois da eleição da vitória dela no
segundo turno. O que ela me sinaliza de forma muito concreta é que “eu vou
precisar de você no meu governo”. Fico tranquilo e terei maior prazer em
colaborar com o governo dela. Se não for chamado seguirei. Recebi proposta da
Universidade Ceuma, mas quero ficar livre para conciliar com a minha carreira
política.
Como o senhor acha que vai ficar
a relação do Flávio com o governo federal?
Assisti com
muita atenção a entrevista do governador Flávio Dino no Roda Viva. Ficou claro
que ele está pensando muito além do Maranhão. Essa disputa PT/PSDB tende a
desaparecer. E ele se colocou nesse cenário, de buscar um cargo federal mais
elevado. Para isso precisa faze um bom governo e precisa efetivamente não
decepcionar os eleitores. Mas é preciso que exista um apoio maciço do governo
federal. Eu vi a composição do secretariado dele e ouço as suas palavras. Entre
o entusiasmo dele e a sua determinação em fazer um bom governo e o apoio que
ele irá receber de seu secretariado, não nos enganemos, existe uma enorme
distância. Não tem ninguém que pense o Maranhão estrategicamente. Ele vai ter
que assumir o papel de formulador e o executor desse novo momento que esperamos
para o estado. Há de se criar caminhos para que o Maranhão volte a ter o abraço
do Governo Federal. Acho que este caminho ainda não está aberto e se for
possível eu me coloco também à disposição do governador eleito para que essas
pontes sejam reconstruídas.
Como o senhor avalia que Roseana
deixou o Maranhão para Flávio Dino?
Eu fiz campanha
para Renato Archer em 1965, mas não tenho como negar que o governo de José
Sarney foi um dos mais criativos e mais importantes que o Maranhão teve em toda
sua historia. Ele atraiu técnicos e o Maranhão virou uma Babel. Vivemos um
momento de grande euforia. Teve um segundo momento razoável e a partir daí
entrou em processo de declínio. Eu fui secretario de Educação do primeiro
mandato de Roseana, do governo que ela fez com um conjunto de técnicos que
ajudaram ela a se eleger. O seu primeiro governo foi muito bom. O segundo
governo, por discordar da criação de gerências regionais eu me afastei, tive
uma rápida participação no governo que ela completou com a saída de Jackson e
nesta gestão que terminou eu não tive nenhuma participação. Acho que o último
governo dela foi muito diferente, ficou muita coisa a desejar.
O PMDB passa por um desgaste interno e busca um novo líder. Como o
senhor vê essa questão da disputa interna no partido?
Nesse momento não
tem mais grupo. Podemos avaliar somente o passado, sem condições de pensar no
futuro. Não existe nenhuma liderança com perfil de aglutinar as tendências
diversas que ficaram com essa derrota. A vitória de Flávio Dino é
inquestionável, pelo número de votos, pela maneira como empolgou a população e
também nesse momento o Maranhão quer se conciliar com a sua autoestima. Eu
duvido muito que vamos ter condições de fazer um enfrentamento na Assembleia.
Em nome de quem e por quem? Cada um de nós vai buscar o seu caminho, se vamos
nos juntar mais na frente é uma outra questão. Há um imenso vazio e não vejo
nenhuma perspectiva desse grupo de se erguer.
O senhor pretende continuar no
PMDB?
Eu não sei, pela
primeira vez eu vou confessar publicamente. Eu, uma vez brincando, disse ao CQC
que o PMDB era um partido que todo mundo mandava, ninguém obedecia e cada um
fazia o que queria. O PMDB no Maranhão, por ter tanto cacique, se inviabiliza
em construir um caminho para o futuro. Penso em sair do partido e buscar outro
partido, onde a gente saiba exatamente quem manda e quem obedece.
Fonte: O Imparcial on-line
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