Alta
pode chegar a 40% este ano, segundo especialistas. Pouca chuva e plano de redução em 2013 têm efeitos agora.
Depois de dar uma trégua para o bolso
dos consumidores em 2013, as contas de luz voltaram a subir no ano passado – e
esse movimento vai continuar este ano. Segundo especialistas do setor, a alta
pode chegar a 40%.
Em janeiro
de 2013, a presidente Dilma Rousseff aprovou uma lei para baratear as contas de luz em até 20%. Para conseguir essa redução,
o governo baixou ou extinguiu encargos sobre a tarifa – entre elas a Conta de
Desenvolvimento Energético (CDE) –, e renovou contratos de concessão de geração
e transmissão de energia pagando menos pelo serviço.
Mas a
economia dos consumidores não durou muito. “Traído” pela falta de chuvas desde
o final de 2013, o plano começou a, ironicamente, “fazer água”: em 2014, a alta
média nas contas foi de 17,3%, segundo o IBGE.
Com pouca
água nos reservatórios das hidrelétricas, as distribuidoras tiveram que
recorrer às usinas térmicas, que produzem energia mais cara. Para evitar a alta
no ano passado, o governo autorizou empréstimos bilionários às distribuidoras
no ano passado. É essa conta – entre outras – que chega este ano aos consumidores.
ENTENDA OS
ITENS QUE FAZEM A CONTA SUBIR:
REAJUSTE - Ocorre uma
vez por ano e cada uma das 63 distribuidoras do país tem uma data específica
definida em contrato. Autorizado pela Aneel, o reajuste busca ajustar a receita
de cada concessionária, que inclui desde previsão de arrecadação de tributos
inseridos nas contas de luz até gastos com investimentos e compra de energia
para atender aos consumidores.
EMPRÉSTIMOS ÀS DISTRIBUIDORAS - Em 2014, o governo
autorizou empréstimos de R$ 17,8 bilhões para cobrir gastos extras das
distribuidoras com compra de energia no mercado à vista, onde o preço flutua e
é mais caro. O dinheiro só durou até outubro, por isso um novo empréstimo, de
R$ 2,5 bilhões, está sendo negociado para fazer frente às despesas de novembro
e dezembro. Esses valores serão cobrados dos consumidores, a princípio, entre
2015 e 2017, com juros.
Se a
operação não tivesse sido feita, as distribuidoras bancariam a conta num
primeiro momento mas, depois, ela seria cobrada de uma vez dos consumidores,
nos reajustes de 2014 e 2015. Com essa medida, portanto, o governo evitou um
aumento ainda maior das contas de luz no ano passado, de eleições.
FIM DO REPASSE À CDE - O governo suspendeu um
aporte de R$ 9 bilhões, previsto no Orçamento de 2015, para a CDE, fundo que
financia ações como o pagamento de indenizações a empresas do setor elétrico,
subsídio às contas de luz de famílias de baixa renda e o programa Luz para
Todos – e que teve sua arrecadação reduzida com o plano de 2013.
Com isso,
todos os gastos previstos para a CDE neste ano serão bancados pelos consumidores,
via conta de luz. O orçamento do fundo ainda está sendo calculado. No ano
passado, ele foi de R$ 18 bilhões.
REVISÃO
EXTRAORDINÁRIA - Devido à decisão do governo de não repassar mais
recursos à CDE, a revisão extraordinária das tarifas terá que ser feita neste
início de ano. Ela é necessária para que as distribuidoras possam começar
imediatamente a arrecadar os recursos nas contas de luz. Do contrário, elas
teriam que financiar essa conta, o que alegam não ter recursos para fazer, até
serem ressarcidas no reajuste anual.
Em média a
cada 4 anos, as distribuidoras passam por uma revisão de suas tarifas, que tem
o objetivo de promover o equilíbrio econômico delas. Mas quando algum evento
afeta fortemente esse equilíbrio, essas concessionárias têm direito de pedir a
revisão extraordinária, ou seja, fora do prazo previsto.
BANDEIRAS
TARIFÁRIAS - Em
vigor desde 1º de janeiro, esse sistema permite o repasse mensal aos
consumidores de parte do gasto extra das distribuidoras com o aumento do custo
da eletricidade. Antes, as distribuidoras eram obrigadas a bancar essa conta
para serem ressarcidas quando do reajuste, que ocorre uma vez por ano. Esse
gasto aumenta quando as distribuidoras são obrigadas, como ocorre atualmente, a
comprar energia das termelétricas, por conta do baixo nível dos reservatórios
das hidrelétricas.
O sistema
também prevê que os consumidores serão informados, na conta de luz, sobre a
bandeira em vigor. Se ela for verde, a tarifa não sofre nenhum acréscimo.
Amarela, o aumento é de R$ 1,50 para cada 100 KWh (quilowatt-hora) consumidos.
Vermelha, o consumidor paga R$ 3,00 para cada 100 KWh consumidos no mês.
ENERGIA
DE ITAIPU - O
custo da energia produzida pela hidrelétrica de Itaipu, a maior do país,
aumentou 46% neste ano. Essa alta impacta principalmente as distribuidoras do
Sul e Sudeste do país, que terão que pagar em 2015 R$ 4 bilhões pela eletricidade
recebida da usina e, consequentemente, vão repassar o valor aos seus
consumidores.
Esse
reajuste serve para cobrir o prejuízo da Eletrobras na administração da Conta
Itaipu, causado por inadimplência de distribuidoras e pela necessidade da
estatal de comprar energia no mercado à vista, mais cara, para compensar
eletricidade que a hidrelétrica deixou de produzir.
Fonte: G1
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