Chinaglia
quer reajustar verba de gabinete; Delgado defende reforma política. Cunha
promete comissão do deficiente físico e votar orçamento impositivo.
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Candidatos
à presidência da Câmara: Eduardo Cunha,
Chico Alencar, Arlindo Chinaglia e
Júlio Delgado
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Com
folhetos, material de vídeo, mensagens telefônicas e inúmeras reuniões, os
quatro candidatos à presidência da Câmara apresentam aos colegas eleitores uma
avalanche de promessas, de aumento salarial e ampliação de gabinetes à votação
das reformas política e tributária, que tramitam há anos na Casa, mas jamais
saíram do papel.
Os dois
principais candidatos, Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
focam em propostas “tentadoras”, como equiparar a remuneração dos deputados ao
de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) - o teto do funcionalismo
público.
No folheto
da campanha de Chinaglia, das 12 propostas elencadas como prioridade, seis
estão relacionadas a benefícios exclusivos aos deputados, como maior
remuneração e reajuste da verba usada para contratar funcionários em cargos de
confiança. Atualmente o valor é de R$ 78 mil por mês para cada deputado, que
pode usar o dinheiro para contratar até 25 secretários parlamentares com salários
que variam de R$ 845 a R$ 12,94 mil.
O petista
promete ainda dar continuidade a reformas nos apartamentos funcionais. Os
imóveis possuem cerca de 200 metros quadrados e ficam na Asa Sul e na Asa
Norte, bairros nobres de Brasília, próximos ao Congresso Nacional. Os mais disputados ficam na
302 da Asa Norte e acabaram de passar por reforma. Os prédios receberam
acabamento de luxo e até banheira de hidromassagem. A ideia de Chinaglia é
remodelar os demais apartamentos disponibilizados aos parlamentares.
O deputado
do PT propõe ainda mais conforto e espaço para os deputados dentro do
Congresso, com a construção de um novo anexo na Câmara destinado a novos
gabinetes. Além disso, promete 3 mil novas vagas de estacionamento para
assessores e parlamentares. “Nós já temos disponíveis no Tesouro Nacional R$
332 milhões para a reforma”, disse Chinaglia.
EMENDAS
PARLAMENTARES
- A ampliação dos espaços na Câmara também é promessa de campanha de Eduardo
Cunha, bem como a equiparação do salário dos deputados com o de ministros do
STF. Cunha e Chinaglia também têm em comum a intenção de garantir o pagamento
de emendas parlamentares a deputados “novatos”, que não exerciam mandato na
atual legislatura e tomarão posse no domingo (1º).
As emendas
são recursos públicos que os deputados destinam no Orçamento para projetos em
seus redutos eleitorais. O prazo para apresentar as propostas se encerrou em
dezembro. Pela Lei de Diretrizes Orçamentárias, as emendas individuais
apresentadas no ano passado estariam garantidas em 2015.
No entanto,
os deputados novatos não apresentaram propostas e, portanto, só teriam direito
aos recursos no Orçamento de 2016. Tanto Chinaglia quanto Cunha querem garantir
no Orçamento de 2015, que ainda não foi votado, receitas para os cerca de 200
novos parlamentares.
O líder do
PMDB promete ainda que, se for eleito, colocará imediatamente em pauta a
votação em segundo turno da PEC do Orçamento Impositivo, que obriga de forma
permanente o governo a pagar as emendas individuais dos deputados. “Vamos votar
imediatamente o segundo turno”, disse Cunha.
O
peemedebista também quer dar “visibilidade” à atuação dos parlamentares nas
suas bases eleitorais. A bandeira é viabilizar a cobertura das atividades dos
deputados em seus estados pela TV e Rádio Câmara, veículos de comunicação pagos
com o orçamento da Casa.
Outra
proposta de Cunha é criar a Comissão da Pessoa com Deficiência, um colegiado
específico para analisar projetos com esse tema. Assim, as comissões
permanentes da Câmara passariam de 22 para 23.
'INDEPENDÊNCIA' - Diferentemente dos colegas petista e
peemedebista, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), considerado o “candidato da
oposição”, não propõe reajustes salariais nem garante finalizar a construção do
anexo na Câmara. Como estratégia de campanha, afirma ser o único capaz de dar
real “independência” ao Congresso face ao Executivo.
“Todos os
candidatos fazem discurso de independência, mas quem a pratica de fato? Nós.
Quem tem garantia de não apoiar uma matéria só porque o governo defende? Nós. A
nossa candidatura tenta mudar as relações e reaproximar o parlamento da
sociedade”, afirmou o deputado em entrevista ao G1.
Uma das
ideias de Delgado é permitir que, nas discussões de medidas provisórias, seja
possível apensar projetos de lei que abordem temas semelhantes. A intenção é
dar prioridade à votação de matérias de autoria dos próprios deputado. Em vez
de aprovar a MP, os parlamentares teriam a possibilidade de votar, em regime de
tramitação mais célere, propostas elaboradas pelos congressistas.
Os projetos
de lei atualmente precisam passar por votação na Comissão de Constituição e
Justiça e comissões temáticas antes de ir ao plenário. Já as medidas
provisórias são analisadas em uma comissão mista, com deputados e senadores, e
depois seguem diretamente para o plenário das duas Casas.
'CANDIDATURA PROTESTO' - Com uma “candidatura de
protesto”, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) faz uma “campanha solo”, sem
apoio de qualquer outro partido além do PSOL. A principal bandeira é a “ética”
e a votação do projeto que acaba com financiamento privado de campanha.
“Não vou
defender aumentos salariais. Nossos salários já são suficientes. Falam em
construir o Anexo 5 e a gente quer é construir uma ponte entre o Parlamento e a
sociedade”, diz Alencar.
O deputado
do PSOL promete ainda colocar em votação uma série de projetos que beneficiam
os trabalhadores, mas geram impacto negativo nas contas públicas, como o fim do
fator previdenciário e a redução da jornada máxima de trabalho para diversas
categorias.
REFORMAS POLÍTICA E TRIBUTÁRIA - A única promessa em comum
entre os quatro candidatos é tirar do papel as reformas política e tributária, que
devido à complexidade dos temas tramitam há mais de uma década no Congresso
Nacional. Todos os quatro defendem mudar regras eleitorais e simplificar
impostos, mas discordam quanto ao financiamento de campanha.
Eduardo
Cunha é contrário a proibir doações de empresas a campanhas eleitorais. Já o
PT, de Arlindo Chinaglia, defende o financiamento exclusivamente público de
campanha, assim como o deputado Chico Alencar.
“A economia
coloniza a política, numa inversão de valores sem limites. E tudo sob a capa edulcorada
da legalidade: empreiteiras propineiras do 'clube' agora sob acusação doaram
nada menos que R$484,4 milhões a quase todos os partidos nas eleições de 2014”,
diz o programa de governo do deputado do PSOL.
Por sua
vez, Júlio Delgado quer priorizar, no âmbito da reforma política, o fim da
reeleição. “Defendemos a coincidência eleitoral, ou seja, uma eleição a cada
quatro anos e mandato presidencial de cinco anos, sem reeleição”, disse o
parlamentar.
Fonte: G1