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Deputados ouviram dos representantes da ANP, Douglas Pedra e Ubirajara Sousa da Silva, que há indícios de cartel em São Luís |
Em depoimento à CPI dos
Combustíveis, presidida pelo deputado estadual Othelino Neto (PCdoB), os
representantes da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Douglas Pedra, da
Coordenação de Defesa da Concorrência, e Ubirajara Sousa da Silva, coordenador
de fiscalização no Nordeste, confirmaram, nesta quarta-feira (07), que há
indícios de cartelização dos preços dos combustíveis em São Luís. A ANP fez um
levantamento detalhado e o encaminhou aos órgãos competentes.
Outro depoimento
importante e revelador para a CPI dos Combustíveis foi o do empresário
Francisco Nunes de Melo. O proprietário de posto denunciou pressão das distribuidoras
Petrobras e Shell para a elevação dos preços dos combustíveis, inclusive com
boicote em relação ao produto, e disse que já sofreu ameaças por telefone
quando reduziu o valor cobrado. Segundo ele, já houve até atentado a bala a um
dos estabelecimentos que administra.
Os depoentes responderam
aos questionamentos feitos pelo presidente Othelino Neto e pelo relator,
deputado César Pires (DEM). O empresário Francisco Nunes, que prestou
depoimento com os pés descalços por hábito, disse não acreditar em cartel, mas
chegou a afirmar que acontece, em São Luís, uma forma de dumping, prática comercial
que consiste em uma ou mais empresas venderem seus produtos a valores abaixo do
normal por um determinado tempo, visando prejudicar e eliminar a concorrência,
passando então a dominar o mercado e impondo preços altos.
Segundo Othelino Neto,
os depoimentos desta quarta-feira (07) foram reveladores para o processo
investigativo na medida em que a ANP, que é um órgão fiscalizador importante,
admite que há indícios de cartel dos combustíveis em São Luís e um empresário
do setor revelou que sofre pressão de distribuidoras para elevar o preço
do produto.
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CPI ouviu empresário Francisco Nunes que revelou já ter recebido pressão de distribuidoras e ameaças por telefone |
SUSPEITA
DE COMBINAÇÃO DE PREÇOS - “A ANP nos mostrou
que há esses indícios de cartelização. Tem estudo realizado, pesquisa e
levantamentos feitos, tudo com base em critério técnico e na apuração dos
preços praticados em São Luís. Então nós vamos nos debruçar em cima desse
material e investigar e analisar também o depoimento do empresário Francisco
Nunes, assim como das demais testemunhas que já compareceram à Comissão.
Estamos trabalhando para descobrir o que está acontecendo e quem são os
responsáveis por isso”, disse o presidente da CPI.
Questionado por Othelino
sobre a relação com o Sindicato dos Revendedores de Combustíveis, o empresário
respondeu de forma direta: “Não, eu não vou a bandidagem”. Ele evitou falar
mais sobre o órgão e admitiu que chegou a fazer, recentemente, um acordo de
preço com o posto Paloma. Ele venderia dois centavos mais barato que o
concorrente, que trabalhava com cartão de crédito, mas, segundo ele, nada foi
cumprido.
Na próxima semana, a CPI
dos Combustíveis fará uma avaliação interna dos depoimentos e dos trabalhos
realizados até aqui. Em seguida, os deputados anunciarão uma nova fase de
oitivas com outros empresários e representantes de órgãos envolvidos.
O foco da CPI é
investigar, no prazo de até 120 dias, o abusivo aumento nos preços dos
combustíveis e a possível formação de cartel entre empresários do setor na
capital maranhense. Para os deputados que compõem a CPI, a instalação da
Comissão foi um clamor da própria sociedade que não aguenta mais conviver com
os excessos nos preços dos combustíveis, praticados pelos postos de venda na
capital maranhense.
OUTROS
DEPOIMENTOS - Na semana passada, a CPI ouviu o presidente do Sindicato dos
Revendedores de Combustíveis do Maranhão, Orlando Santos, e o empresário Otávio
Ribeiro de Jesus Neto.
À CPI, Orlando Silva disse não
acreditar que possa estar existindo uma cartelização dos preços dos
combustíveis, mas admitiu que o sindicato já recebeu denúncias sobre
adulteração da gasolina.
Além de Othelino Neto, a
CPI dos Combustíveis conta ainda com André Fufuca (PEN) como vice-presidente e
César Pires (DEM) como relator. A Comissão tem ainda como membros Jota Pinto
(PEN), Carlos Amorim (PDT), Roberto Costa (PMDB) e Francisca Primo (PT), na
condição de titulares.
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