Edinho Lobão diz se considerar "o novo", promete
"ruptura" com a "cultura política" que prevalece no Estado
e afirma que fará "auditoria" das gestões anteriores para identificar
"erros". Para ele, "a família Sarney está saindo do cenário
político".
Por Raquel Ulhôa
Candidato da
governadora Roseana Sarney à sua sucessão e polarizando a disputa no Maranhão
com Flávio Dino (PCdoB), líder nas pesquisas, o senador Lobão Filho (PMDB)
adota como estratégia o distanciamento do grupo político ao qual pertence. Diz
se considerar "o novo", promete "ruptura" com a
"cultura política" que prevalece no Estado e afirma que fará
"auditoria" das gestões anteriores para identificar
"erros". Para ele, "a família Sarney está saindo do cenário
político".
Em sua
primeira campanha eleitoral - assumiu o Senado como suplente do pai, Edison
Lobão (PMDB), licenciado para ser ministro de Minas e Energia -, Edinho, como
também é chamado no Estado, fala até em "revolução" na gestão e
compara o que pretende fazer no Maranhão com o que Tasso Jereissati fez com o
Ceará em seu primeiro governo (1987-90), ao derrotar os chamados
"coronéis" da política local.
"Eu me
considero o novo. Faço analogia direta ao que foi o Tasso Jereissati no Ceará.
É uma nova forma de gestão pública, de resultados, de metas, de meritocracia.
(...) Quando se fala em coronel no Maranhão, se imagina logo a família Sarney.
A família Sarney está saindo do cenário político. Saindo por idade ou cansaço.
Roseana não é mais candidata a nada. Então, não preciso combater os coronéis. Eu
preciso, agora, combater a cultura política, que não é exclusiva à família
Sarney."
O
pemedebista diz não ter "críticas profundas à forma de gestão" de
Roseana, mas garante que a sua seria "completamente diferente". Dá
exemplos. "Roseana ouviu pouco os prefeitos. Eu quero ouvir mais. Não dá
para imaginar ser professor de Deus, saber tudo. Tem que ouvir as vozes que
chegam do interior", cita. Defende fiscalização mais rígida de convênios e
penalizações mais duras a desvio de recursos.
Para Dino,
ex-juiz federal, ex-deputado federal, advogado e professor universitário,
adversário da família Sarney, Lobão é "aventureiro, não tem qualquer ideia
sobre o Estado e representa o modelo coronelista e oligárquico". O PCdoB é
da base da presidente Dilma Rousseff, mas Dino não tem apoio do PT, que deve
indicar o vice do adversário. Dino está fazendo aliança com os presidenciáveis
Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Mas setores do PT preferem o
ex-deputado e ex-deputado diz que seu palanque "continua aberto à presidente,
se ela quiser."
A campanha
nem começou e o embate entre os dois principais pré-candidatos a governador do
Maranhão ambos está acirrado. Na semana passada, Dino entrou com ação no
Supremo Tribunal Federal (STF) por injúria contra o senador. Lobão Filho disse
em entrevista a uma rádio que ofereceria R$ 20 mil reais "a quem trouxesse
os processos da Embratur [na gestão de Dino, que deixou o cargo em março], onde
há claramente crime de má gestão, de roubo e de furto".
Ao Valor,
Lobão Filho admite ter cometido um erro. "Candidato não pode ter um
linguajar desse", reconhece. Segundo ele, a orientação para sua equipe é
não fazer ataque pessoal.
Para o
senador José Sarney (PMDB-AP), Lobão Filho vai ganhar a eleição. "Ele foi
lançado agora e já está com 25%", diz, referindo-se a pesquisas de
intenção de voto de institutos locais. Nelas, Dino aparece, em geral, com cerca
de 50%. Sarney não considera a falta de experiência um problema. "Ele teve
bom desempenho como senador. E a estrutura política que o sustenta é muito
grande."
Dino tem
procurado mostrar o contraste entre as duas candidaturas. Há um ano, vem
realizando seminários e plenárias para discutir os problemas do Maranhão e
elaborar o programa de governo. Chamado de "Diálogos pelo Maranhão",
o movimento ganhou um site, para o eleitor conhecer as propostas e fazer
sugestões.
O
ex-presidente da Embratur quer trocar o que ele chama de "lógica do
sarneyzismo desde os anos 70, cuja ênfase são os grandes projetos
exportadores", como Grande Carajás, Base de Alcântara e refinarias, por
uma política de apoio a atividades econômicas primárias, como agricultura,
pecuária e pesca. A empresários garante melhoria do ambiente de negócios,
combatendo "o patrimonialismo, a corrupção e a propina generalizada".
Planeja implantar uma política de desenvolvimento industrial aproveitando a
terra abundante, energia, gás, ferrovias e complexo portuário, entre outras
vantagens do Estado.
Empresário
com investimentos diferentes, entre eles um grupo de comunicação com rádio e
televisão e uma construtora, Lobão Filho diz que pretende adotar gestão
empresarial no governo e "transformar o Maranhão numa potência
econômica". Para ele, Dino tem um discurso "de uma nota só",
contra "os 50 anos do que ele chama de oligarquia e contra a família
Sarney, como se fosse responsável por todas as mazelas do Estado".
A ideia do
senador é adotar "metodologia científica" para identificar as
vocações econômicas de cada região do Estado e investir nelas. Cita, entre os
objetivos, expandir a fronteira pecuária para todo o país, explorar o potencial
de pesca e levar a produção agrícola do sul para o centro do Estado.
"Meu
pai ficou conhecido como governador das estradas [Edison Lobão governou o
Maranhão de 1991 a 94]. João Alberto ficou conhecido como governador da
segurança [senador do PMDB, governou de 2009 a 2010] e Roseana, da saúde. O meu
foco vai ser mudar a realidade econômica do meu Estado", diz. Lobão Filho
ia disputar o Senado, mas foi escolhido candidato de Roseana ao governo depois
que o ex-secretário de Infraestrutura Luis Fernando Silva desistiu.
Ex-presidente
do Senado, com 84 anos de idade, Sarney só não confirma a previsão de Edinho
que a família sairá do cenário político. Ele diz não ter se decidido se
disputará ou não novo mandato de senador pelo Amapá. Questiona suas
"condições de exercer o mandato com todo vigor", por causa da idade,
e afirma ter "questões pessoais" a resolver.
Fonte: Gilberto Lima
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