Governadora
do Maranhão anunciou a saída para esta segunda-feira (08)
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Em 2015, Roseana e José Sarney estarão fora da vida política |
Em
menos de 60 dias, dois nomes que há muitos anos sempre se destacaram na
política nacional sairão de cena: José e Roseana Sarney. Pai e filha se
aposentam da vida pública após o fim de seus mandatos como senador e
governadora, respectivamente. Na análise de especialistas, a “decadência da
família Sarney” se deu pela baixa chance de os dois saírem vitoriosos nas
eleições deste ano.
Na
política desde 1990, Roseana Sarney (PMDB) decidiu, aos 61 anos, seguir os
caminhos do pai e não ocupar mais cargos públicos. O mandato dela no governo do
Maranhão termina no dia 31 de dezembro. O cientista político David Fleischer
avalia que dificilmente ela tentará alguma eleição no futuro.
—
Ela foi minha aluna na UnB [Universidade de Brasília] nos anos 70. Foi uma
aluna muito inteligente, fazia análises excelentes, tirava notas muito boas.
Mas ela tem alguns problemas de saúde que podem ser um fator para ela não
voltar à política ativa. Além disso, ela tem alguns netos para cuidar já
também. Cuidar de neto é uma grande atividade.
Existe
a possibilidade de que a governadora renuncie ao cargo, faltando três semanas
para concluir o mandato. Apesar da crise de segurança vivida pelo Estado, não
há motivos claros para essa atitude. O governo do Maranhão nega que isso deva
acontecer.
Para
o cientista político Rogério Schmitt, a saída antecipada do cargo representaria
um gesto de derrota, já que o candidato apoiado pela família nas eleições deste
ano, Lobão Filho (PMDB), perdeu para Flávio Dino (PCdoB), da oposição.
— Se
a renúncia acontecer, é um sinal de que ela não tem um bom relacionamento com o
seu sucessor. Não quer, digamos, sair na foto “passando a faixa” para ele.
A
família Sarney foi a principal força política no Maranhão durante décadas. A
segunda geração (Roseana) sai sem deixar herdeiros. Um dos sinais de
enfraquecimento dessa “dinastia”, segundo Schmitt, foi a derrota dela nas urnas
em 2006, quando Jackson Lago foi eleito governador. Por uma decisão do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral), em 2009, os mandatos de Lago e do vice foram cassados por
abuso de poder econômico durante a campanha. Segunda colocada, Roseana assumiu.
O pai, José Sarney (PMDB-AP), de 84 anos, já foi
presidente da República, prefeito de São Luís, governador do Maranhão e está no
Senado há 40 anos. Além da idade avançada, outro fator pesou no anúncio da
aposentadoria dele, segundo Fleischer.
— No
Amapá, todas as sondagens e pesquisas mostravam que ele tinha zero chance de
reeleição. Então, eu acho que essa retirada da vida pública é em função dessas
chances quase nulas de alguma permanência na vida política nacional.
Pai
e filha já protagonizaram escândalos. Como, por exemplo, em 2002, quando
Roseana e o marido não conseguiram explicar a origem de cerca de R$ 1,3 milhão
da empresa que eram sócios, a Lunus, que não haviam sido declarados. José
Sarney também foi personagem de destaque no caso dos Atos Secretos no Senado.
Descobriu-se que parentes eram funcionários da Casa, além de outras irregularidades
envolvendo verbas e contratações.
Na quarta-feira (3), o carro de Sarney foi cercado por
manifestantes que se concentravam em uma
das entradas da Câmara dos Deputados. Para Schmitt, o episódio “foi uma
coincidência”. Qualquer parlamentar governista conhecido que passasse por lá
naquele momento poderia ser o alvo, de acordo com ele.
A
família mantém ainda um membro na Câmara dos Deputados. Zequinha Sarney
(PV-MA), filho do senador, foi reeleito deputado federal, mas Fleischer diz que
não deve ser um grande nome na Casa.
— Eu
não sei se ele vai ser um personagem muito importante e influente na Câmara dos
Deputados em 2015, até porque ele nunca foi antes. A grande importância dele
foi como ministro do Meio Ambiente. Os ambientalistas adoraram a gestão porque
ele assinava tudo o que pediam. Então, virou queridinho dos ambientalistas.
(Fernando
Mellis, do R7)
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